LEI DO ESFORÇO REVERSO
- 4 de dez. de 2024
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Atualizado: há 7 dias
Em todas as capacidades psicofísicas, temos o fato curioso da lei do esforço invertido: quanto mais tentamos, pior saímos.

"Sempre fui fascinado pela lei do esforço reverso. Às vezes eu a chamo de 'lei reversa'. Quando se tenta ficar na superfície da água, afunda; mas quando tenta afundar, flutua. Quando prende a respiração, você a perde — o que imediatamente traz à mente um ditado antigo: 'Quem quiser salvar a alma, a perderá.'
- Alan Watts, em 'Sabedoria da Insegurança'
Essa regra é aplicada pelos Navy SEAL, soldados de elite dos EUA. Eles aprendem desde cedo sobre a Lei Reversa (conseguir o que se quer deixando ir). Nos seus treinamentos, há um chamado de proteção contra afogamento. Os instrutores amarram mãos e pés e jogam o recruta em uma piscina funda. O objetivo é sobreviver por cinco minutos. Alguns entram em pânico e precisam ser retirados. Mas muitos passam porque conhecem os segredos por trás do teste.
O primeiro segredo: quanto mais tentar manter a cabeça acima da água, maior a probabilidade de afundar. Com mãos e pés amarrados, é impossível manter o corpo flutuando por cinco minutos.
O segundo segredo: quanto mais pânico, mais oxigênio queima.
O paradoxo é brutal: quanto mais tenta viver, maior a probabilidade de morrer!
O que fazer é relaxar completamente e se deixar afundar. Naquela profundidade, quando alcança o fundo, chuta-se de volta para cima para pegar ar. Repete.
Esta história resume a Lei Inversa: quanto mais esforço, menor a recompensa.
IMAGINAÇÃO VERSUS FORÇA DE VONTADE
Quando a imaginação e a força de vontade são contrárias, é sempre a imaginação que vence, sem exceção, define o psicólogo francês Émile Coué.
Pense na areia movediça. É uma superfície que parece sólida, mas quando cai nela, água e areia se separam fazendo o corpo afundar — sair dela exige estratégia e não força.
Muitos viram isso em filmes, personagens são engolidos enquanto tentam desesperadamente evitar o afundamento.
É aí que reside o erro.
A maneira de evitar ser engolido é não se esforçar tanto. O segredo é parar de lutar, procurar deitar-se para que o peso seja distribuído e a pressão diminua. Isso permitirá rastejar até um local seguro.

Algo semelhante deve ser feito quando não se consegue dormir ou lembrar-se de algo: em vez de forçar a barra e tentar fazer o que não consegue, o segredo é relaxar e pensar em outra coisa.
Embora pareça contraditório, às vezes fracassamos porque nos esforçamos demais.
Os taoístas chamam de “wu wei”, que pode ser traduzido como “ação sem esforço”.
Quando paramos de lutar e observamos, vemos com clareza forças externas nos superarem. Então nos resta seguir o fluxo - e agir no momento certo para chegar ao destino desejado.
Ao agir precipitadamente, o ego pode acabar guiando as decisões.
ALMA VEGETATIVA
Segundo Aldous Huxley, "a expertise e seus resultados só são alcançados por aqueles que aprenderam a arte paradoxal de fazer ao não fazer".
“Precisamos combinar relaxamento com atividade", disse o autor de As Portas da Percepção em palestra na California, em 1955.
Quem precisa relaxar é o eu pessoal, uma espécie de ilha no meio de uma enorme área de consciência, sugere Huxley.
Esse “eu” se esforça demais porque pensa que sabe tudo. Porém, existe um 'eu' mais profundo, com muito mais conhecimentos e habilidades que nos possibilitam ser.

Huxley se refere à “alma vegetativa", algo herdado que faz coisas incríveis como a digestão, o suor, os tremores e a regulação dos batimentos cardíacos, dentre outros.
Quando insistimos em fazer algo que não conseguimos, o que acontece é o eu superficial eclipsar todos os poderes mais profundos e amplos.
Se relaxamos eles brilham.
Em todas as capacidades psicofísicas, temos o fato curioso da lei do esforço invertido: quanto mais tentamos, pior saímos.
O objetivo de todas as atividades desde as físicas mais simples até as intelectuais e espirituais mais elevadas, "é fazer com que nossa luz surja sem esforço e sem abdicar do eu consciente".
Mas não confunda: a lei do esforço inverso não é sinônimo de resignação, nem passividade, apatia ou mediocridade. Pelo contrário, ela incentiva a reflexão e motiva a parar, avaliar as circunstâncias e então assumir a melhor atitude possível, conclui o autor de Admirável Mundo Novo.
Arthur
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