As plantas que você cultiva têm vínculos afetivos com você. São tão poderosos que te acompanham mesmo que viaje para outro lado do planeta. Elas nunca te esquecem, jamais te abandonam. Têm uma compreensão elevada, nunca precisam perdoar porque jamais julgam.
As árvores e todas as plantas do planeta estão conectadas pelas raízes e por fios invisíveis de afeto. Não só entre si, mas entre animais minúsculos e graúdos. Uma única árvore abriga civilizações inteiras de pequenos e grandes bichos. Milhões habitam e se alimentam nos seus corpos.
São os seres mais bem-sucedidos da Terra, vivem mais tempo e têm a capacidade de sobreviver nos ambientes mais adversos. Foram os primeiros a chegar, serão os últimos a sair, caso precisem. Antes dos protozoários, dos microorganismos, eles já estavam preparando o terreno para a vida. Quando os dinossauros pisaram no planeta, as plantas já estavam há milhoes de anos.
CIVILIZAÇÕES
Os humanos nem se dão conta de que estão vivos graças a esses seres silenciosos, discretos ou majestosos. Geram oxigênio, alimentos, fibras, combustíveis e remédios que permitem a existência. São essenciais para o controle da temperatura da Terra e o equilíbrio e dinâmica da água no planeta.
Dirigentes insensatos da minha cidade já mataram e continuam matando milhares para levantar prédios e abrir avenidas. Uma vez “ouvi” de uma delas que não sofresse com isso, seria parte do processo de aprendizagem dos humanos, sua própria destruição já que elas de fato não morrem. Se uma é cortada, toda sua energia é relocada e distribuida por outras. Elas não existem individualmente, mas na totalidade do grupo como uma avançada civilização. Além disso, no lugar onde estavam se mantém um facho de energia invisível apontado para o alto indicando sua eternidade.
OS FLAMBOYANTS
Sempre lembro da sensitiva que, sentada na mesma mesa do restaurante, olhou pra mim e disse: “Você é protegido das árvores”. Ela não sabia que minha vida era cuidar de árvores, conversar com plantas, dormir e acordar entre elas. Às vezes me sinto árvore, me camuflo, me disfarço. Tenho longas conversas. Muita gente faz isso, muita gente pede licença para entrar na mata, muita gente abraça árvores, muita gente.
São muitas historias. Morei certa vez vizinho a dois enormes flamboyants em um condominio na orla de Salvador. Havia passado uma noite tenso com questões da empresa. E assim tenso sai de casa para encarar a fatídica reunião que poderia ser a última.
Ao passar sob os flamboyants, uma nuvem de folhas e sementes caiu sobre mim, cobriu meu corpo e encheu meus cabelos de coisinhas miudas. Naquele instante senti uma impressionante calma, uma serenidade e uma confiança inexplicáveis. A reunião ocorreu tranquila - os clientes antes inquietos ampliaram todos os projetos e fecharam novos contratos. Sempre lembro desses flamboyants e quando passo por perto aceno e mando um alô de gratidão pra eles.
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