O primeiro ponto é o risco de ser piegas. O outro é de ser mal interpretado, confundido com carência e com abestalhamento. O amor abestalha. O outro motivo seria abrir espaço para uma polêmica dos diabos, para julgamentos e condenações. Falar de amor é arriscado e pode provocar ódio, essa ausência de amor.
Vivemos há um tempo com um vazio dentro da palavra amor. Aliás, banalizamos a palavra. Ela virou coisas à venda, amor por viagens, por carros híbridos, por comidas, roupas, por mitos e gurus. Amo meus tênis, amo pizzas, amo torta de banana. O amor nos dramas, o fim trágico dos amores não correspondidos, o amor na confusão. E sabe de uma? O amor não tem nada a ver com isso. O amor inclusive se lixa para o que pensam dele. O amor simplesmente não liga. Porque não é sólido como um outdoor ou uma tela de smartphone. Nem é líquido e nem evapora.
Alguém pode transformar o amor em química, processo causado por um fluxo de substancias fabricadas nos corpos dos apaixonados - adrenalina, noradrenalina, dopamina, oxitocina, seronotonina e as endorfinas. Mas isso me parece tesão.
O psicólogo Robert Sternberg, PhD por Stanford, defende que para haver amor é preciso um triângulo composto por "intimidade, paixão e... compromisso!"
Mas isso aí é acordo.
E a reciprocidade? É possível o amor entre humanos sem reciprocidade? Quando há uma condição, pode-se chamar de amor? Há o caso de um casal que adotou uma cobra. Eles sabiam da incapacidade do reptil de sentir afeto, afinal um ser gélido. Mas ainda assim adotaram e o amavam incondicionalmente. Se entre humanos é praticamente impossível o amor sem reciprocidade, entre humanos e bichos parece ser possível. Humanos e bichos se entendem?
Já nos tempos finais de vida, Albert Einstein precisou acionar seu QI 180 para teorizar sobre o amor incondicional. "É uma força inclusiva que governa todas as outras. Existe por trás de qualquer fenômeno do universo que ainda não foi identificado por nós".
Se disser que essa energia está no âmbito do sentir sem expectativas, estaria errado? Estaria na experiência de morte, o amor como um tanto de morrer, mas servindo como vida em ascensão, como nascer?
Einstein então perguntou a Freud como seria possível controlar a evolução da mente para torná-la à prova de ódio e da destrutividade? Freud deu na lata: a civilização está longe de ser uma conquista estável. Os laços sociais se configuram na permanente tensão entre vida e morte, destruição e união, agressividade e amor, concluiu o psicanalista. Mas se tem agressividade, tem amor? Nem Freud sabia, nem Einstein sabia o que Bela sabe e a toda hora me ensina quando balança o rabo e late de alegria.
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